Tendências de Preços de Grãos: Soja, Milho e Trigo

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MERCADO DO MILHO

As cotações do milho também sofreram recuo neste início de agosto em Chicago. O preço do bushel do cereal fechou a quinta-feira (03) em US$ 4,80, comparado a US$ 5,33 uma semana antes. Esse valor representa o nível mais baixo desde 30/12/2020, ou seja, há mais de 30 meses o milho não atingia um valor tão baixo em Chicago para o primeiro mês cotado.

A média de julho passado ficou em US$ 5,48/bushel, apresentando uma queda de 10,9% em relação à média de junho. Apesar disso, as condições das lavouras estadunidenses para a safra atual tiveram uma leve piora. As lavouras classificadas entre boas a excelentes caíram para 55% do total em 30/07, comparado a 57% na semana anterior. No ano passado, nessa mesma data, 61% das lavouras estavam em condições satisfatórias.


Quanto às exportações de milho dos EUA, na semana encerrada em 27/07, atingiram apenas 348.900 toneladas. O volume da safra velha ficou em 107.500 toneladas, totalizando 40,2 milhões de toneladas exportadas no ano comercial 2022/23, contra 60,6 milhões no mesmo período do ano anterior. As fracas vendas estadunidenses de milho são devido ao fato de que o milho do Brasil e da Argentina está mais barato no mercado mundial.

No Brasil, os preços internos do milho continuaram recuando. A média gaúcha fechou a primeira semana de agosto em R$ 53,14/saco, enquanto nas principais praças locais o produto foi negociado a R$ 52,00/saco. Nas demais regiões do país, o preço do cereal oscilou entre R$ 35,00 e R$ 50,00/saco. Na B3, os quatro primeiros contratos fecharam o dia 02/08 entre R$ 55,41 e R$ 66,70/saco.

O Brasil está colhendo sua safrinha recorde, o que significa que ainda há muito milho disponível para negociação. Apesar disso, a perspectiva é de que os preços comecem a se estabilizar, embora em níveis bastante baixos, uma vez que a média gaúcha, por exemplo, está 34,9% abaixo da média registrada há um ano, quando era de R$ 81,65/saco.


De acordo com dados da Conab, a colheita de verão está praticamente encerrada no Brasil, enquanto a safrinha atingiu 54,7% da área semeada, contra 71,1% no ano anterior na mesma data.

No Mato Grosso, o preço local do milho ficou em R$ 33,23/saco na semana do dia 28/07, o que representa uma queda de 43,2% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o preço era de R$ 58,48/saco. Embora a safra esteja recorde, o país enfrenta desafios logísticos, especialmente em termos de armazenamento e transporte.

As exportações brasileiras de milho em julho atingiram 4,3 milhões de toneladas, um volume 4,4% acima do registrado no mesmo mês do ano passado. Porém, problemas logísticos, especialmente nos portos, afetaram o setor, e o preço da tonelada exportada recuou 11,3% em relação ao ano anterior, passando de US$ 279,50 para US$ 248,10 em julho deste ano.

MERCADO DA SOJA

As cotações da soja enfrentaram uma queda significativa neste início de agosto, afastando-se da média de julho. O fechamento desta quinta-feira (03) registrou US$ 14,28/bushel, comparado a US$ 15,32 uma semana antes, o que representa uma queda de mais de um dólar em relação ao fechamento de cinco dias úteis anteriores. Embora a média de julho tenha fechado em US$ 15,08/bushel, um aumento de 5,4% em relação à média de junho, ficou abaixo da média de julho de 2022, que alcançou US$ 15,50/bushel.

Surpreendentemente, o mercado ignorou o relatório das condições das lavouras divulgado em 30/07, o qual indicou uma nova redução no percentual de lavouras entre boas a excelentes nos EUA, passando de 54% na semana anterior para 52%. Além disso, comparado ao mesmo período do ano passado, houve uma significativa diminuição, uma vez que em 2022 esse percentual era de 60%. O Departamento também apontou que 33% das lavouras estavam em situação regular e 15% em condições ruins ou muito ruins. Na mesma data, 83% das lavouras de soja estavam em fase de florescimento, em comparação com a média histórica de 78% para a data, e 50% estavam na fase de formação de vagens, contra 47% da média histórica.

Em relação às exportações estadunidenses de soja, na semana encerrada em 27/07, o país vendeu 2,63 milhões de toneladas relativas à safra nova, superando as expectativas do mercado. A janela de setembro a novembro mostra a soja brasileira mais cara, o que impulsiona a demanda chinesa pelo produto estadunidense. No entanto, a safra velha registrou vendas de apenas 90.600 toneladas na mesma semana, totalizando 52,8 milhões de toneladas exportadas até o momento no atual ano comercial. No mesmo período do ano passado, o volume total chegava a 59 milhões de toneladas.

No Brasil, apesar do avanço do câmbio para R$ 4,88 por dólar após a primeira redução da Selic no dia 02/08, os preços médios da soja recuaram. No Rio Grande do Sul, o preço médio fechou a semana em R$ 137,89/saco, enquanto nas principais praças gaúchas, o produto era negociado a R$ 134,00/saco. Em outras regiões brasileiras, a soja oscilou entre R$ 111,00 e R$ 129,00/saco no início de agosto. Vale ressaltar que há um ano atrás, a média gaúcha era de R$ 179,31/saco, enquanto os valores nas demais praças brasileiras oscilavam entre R$ 156,00 e R$ 167,00/saco. Ou seja, a média gaúcha atual está 23,1% abaixo do registrado há um ano, em termos nominais, representando exatos R$ 41,42/saco a menos. Levando em conta a inflação no período, as perdas são ainda maiores.

A expectativa para a safra brasileira de soja em 2023/24 é de 163,5 milhões de toneladas, caso as condições climáticas sejam normais, impulsionada pelo aumento da área cultivada e melhoria da produtividade média. Espera-se que uma área de 45,1 milhões de hectares seja destinada ao cultivo de soja neste novo ano comercial.


MERCADO DO TRIGO

As cotações do trigo também tiveram uma forte queda em Chicago nesta semana, com o bushel do cereal fechando a quinta-feira (03) em US$ 6,27, em comparação com US$ 7,12 uma semana antes. A média de julho ficou em US$ 6,77/bushel, representando um ganho de 2,6% sobre a média de junho.

Nos EUA, as condições das lavouras de trigo de primavera continuaram preocupantes, com apenas 42% das plantações classificadas entre boas e excelentes em 30/07, em comparação com 70% no mesmo período do ano anterior. Cerca de 2% da área já havia sido colhida. Já o trigo de inverno atingiu 80% da área colhida até aquela data, contra uma média histórica de 83%.

As exportações de trigo dos EUA, na semana encerrada em 27/07, atingiram 421.300 toneladas. Ao todo, desde o início do ano comercial 2023/24, em 1º de junho, o país exportou 5,84 milhões de toneladas, comparado com 8,25 milhões no mesmo período do ano anterior.

Na Argentina, o clima tem sido um desafio para as lavouras de trigo, e aproximadamente um milhão de hectares planejados para semeadura não puderam ser cultivados devido à seca.


Segundo a Conab, o plantio da nova safra de trigo no Brasil está praticamente encerrado. No Paraná, espera-se uma colheita de 4,58 milhões de toneladas do cereal, o que representa um aumento de 30% em relação à colheita do ano anterior, que foi afetada por problemas climáticos. Em todo o país, estima-se que a produção total de trigo alcance 10,3 milhões de toneladas, cerca de 1,5 milhão de toneladas abaixo das projeções mais otimistas, mas ainda assim representando uma recuperação em relação ao ano anterior.



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