Lugar onde se caçam formas em colinas pontudas e cavernas coloridas
Localizada na região autônoma de Guangxim, na fronteira com o Vietnã, Guilin é o exótico dentro do exótico da China.
Quem deixa Pequim e Xian para trás, cortando o país na direção sul, vê tudo se transformar: o clima úmido e quente, as etnias locais de traços nitidamente distintos e a vegetação tropical colocam o viajante na paisagem do Sudeste Asiático.
O aeroporto, modesto, combina com o skyline de prédios baixos por força de lei para que o mundo veja a vastidão de picos de rocha calcária (carste) cobertos de vegetação que fazem a fama de Guilin mundo afora. Se você chegar à noite, pode ver suas imensas e negras silhuetas no horizonte — incluindo a famosa Colina da Tromba do Elefante, um dos símbolos da cidade.
À noite, vai perceber também outra curiosidade local. Em todo canto estão as mangueiras xing ling de LEDs coloridos que a China despacha para o planeta inteiro. No aeroporto, nos edifícios, nas árvores… Vi pedaços piscando no fundo de oficinas mecânicas c até mesmo na lateral de uma scooter. Parece Natal. É bizarro. Mas até que não lira mau.
Diferentemente de muitas cidades chinesas, a economia de Gulin vive praticamente só do turismo. A principal razão fica a 40 quilômetros do Centro — já deu pra notar que “perto” dificilmente se aplica a muitas das atrações turísticas da China.
A esticada aqui leva à cadeia infindável de picos cobertos de vegetação que se estende nas duas margens do Rio Li. Se o dia for bom, é possível ver as montanhas refletidas na água em que chineses de chapéus pontudos de palha, ladeados de corvos marinhos, conduzem barquinhos de bambu.
Paisagem — vamos dizer dessa maneira — para colocar em situação difícil o materialismo histórico ateu. Todo dia, de manhãzinha, uma frota de barcos de três andares, com Beques panorâmicos, parte para um cruzeiro de quatro horas, com almoço (leve seu lanche — a qualidade não é das melhores) incluído.
A brincadeira aqui é achar formas nas montanhas ou na composição delas, vistas de ângulos específicos ao longo do trajeto. Tromba de elefante (aquela), coroa imperial, cabeça nariguda, pata de cabra, nove cavalos em um paredão (essa é meio difícil de engolir). Outra coisa boa de imaginar: todo mundo desaparecendo subitamente. Para que você, como Emma Watson e Edward Norton no filme O Despertar de uma Paixão, pudesse navegar vagarosamente em um barquinho, sem balbúrdia. A lu, da tarde cairia bem também.
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